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Há aproximadamente cem anos, aconteceu um fato na região da “Lagoa do Fundão”, logo atrás do Clube Centenário. Uma família composta de pai, mãe, uma senhora (supostamente irmã de D. Carmelita), uma criança e ainda um empregado da família, foram sepultados em um cemitério construído por eles mesmos. Sabiam que futuramente seriam inevitavelmente enterrados ali. A família estava isolada do restante da população vizinha e da cidade – muito próxima – por estarem contagiados pela “bexiga”.
Quem conta a história é o Sr. José Ramos da Silva Filho, - o Zé Raminho – dizendo que seu pai, José Ramos da Silva e sua mãe, Sra. Maria Rosa de Jesus, moravam no sítio, onde está localizado o cemitério. Sua mãe, a D. Rosa, herdou o sítio e as terras com a morte de sua mãe, Carmelita Rosa de Jesus.
Segundo o Sr. Zé Raminho, 77 anos, que nasceu, cresceu e mora ali até hoje, a história que ele conhece e que sua mãe contava, é que a família toda foi criada ali; que seus avós tiveram uma doença contagiosa, a bexiga, e foram enterrados no próprio sítio. Na época o temor dizia que ninguém podia ter contato, tanto com os doentes como com o lugar onde viveram. Quando criança, ele e seus irmãos visitavam o lugar, curiosos com a história contada na família, mas ficavam à distância com medo do contágio.
Contavam os mais velhos que a família foi a um casamento, de carro de boi e, quando voltaram, tiveram uma febre e começaram a brotar as feridas. Na época, não havia nem remédio, nem médicos. D Hilda, outra familiar, contou que o Sr. Henrique Braga, então farmacêutico em Formiga, criou um código com a família. Por eles terem que ficar isolados, escreviam em um papel as necessidades, contavam o que estavam sentindo, colocavam o papel dentro de uma capanga, que por sua vez era colocada, todas as manhãs, na porteira da frente do sítio. Passava então uma pessoa da cidade, recolhia a capanga, entregava para o Sr. Henrique, que tomava as providências e mandava de volta a capanga com os medicamentos e outras necessidades, que era colocada no mesmo lugar e recolhida à tarde por alguém da família. Esse fato aconteceu por muitas vezes, até o falecimento de todos que estavam ali.
É interessante dizer que uma pessoa sobreviveu: a mãe de D. Hilda que contava a história como testemunha. Ela mesma dizia que curou a sua própria doença, da qual guardava as cicatrizes no corpo, da seguinte forma: ela furava as feridas com um espinho de laranjeira até elas secarem. Morreu em 1992, já idosa, de problemas no coração.
Anualmente, no dia de finados, a família do Seu Zé Raminho mantém a tradição e se reúnem no cemitério para rezar pelos seus mortos.
Pesquisa: João Carlos Vespúcio Resumo: José Ivo da Silva